terça-feira, 17 de julho de 2012

Dom Quixote


Eu sou um visionário que acredita na causa perdida,
porque certas ilusões são mais fortes que a realidade.
Eu sou puro...
Puro sangue que se mantém fiel às palavras,
pois elas me dão asas para voar.
Eu sou um peixe fora d’água nesse mundo tão doido,
em que os moinhos de vento são dragões.
Os dragões de vento com os quais batalhei serviram-me de lições;
lições de que o medo faz com que não se veja nada...
Os dragões lançavam chamas, nas quais eu dançava.
Ah, como me sentia bem, pois me fascinava quão belas as chamas eram...
Eu amava-as.
Enquanto dançava escutava tu dizeres
que não acreditava no meu gostar por elas.
Ó, cuidado com as palavras!
A vida sempre nos surpreende, não achas?
Quem sabe tu ainda não tenhas matado todos os moinhos de vento que deverias...
Os dragões de vento que restaram
continuavam girando as labaredas em volta de mim
para que tu os enfrentasse...
Cheguei ao ápice da felicidade com tanta chama.
Sei como é difícil a insegurança com tanto fogo em volta,
mas danço, porque meu futuro é promissor e a causa é justa.
Eu sou apenas um otário
que acredita por amor às causas perdidas, muito prazer!

Um comentário:

Matheus Bandeira de Carvalho disse...

Que forte. Que palavras cruéis, usaste. Perfeito. Me identifiquei, confesso. Gostei bastante! Acredito que tenhamos um tempo de reflexão e durante este período conseguimos ter a infelicidade de constatarmos que somos iludidos. Iludidos por expectativas criadas por nós mesmos e não podemos culpar ninguém, pois o nosso maior erro é sermos nós mesmos.