terça-feira, 19 de maio de 2009

A cidade dorme.
Eu, pela minha janela,
vejo-a descansar.
Observo, também, o céu,
as nuvens e as estrelas;
escuto o vento a sussurrar gemidos
e as árvores a dançar com seus sopros.
Algumas luzes dentro de casas,
vejos acesas; mas a cidade em sí
descansa depois de um dia corriqueiro.
As árvores dançam num ritmo mais frenético;
o vento, agora, grita
chamando pela minha solidão para dançar junto delas e
fazer com que me lembre que
estou acordado e só, sem ninguém para
me fazer dormir.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Faltam-me palavras para falar o que eu sinto agora.
Diante de tais, minha alma se cala;
Faz-se de louca e retarda o meu pensar.
Só o que consigo fazer desde o instante que te vi e, ainda mais agora
É te adorar, como quem adora os Deuses e os santos. Adorar-te!
Nessa ausência tua e nessa falha minha
Não te toco, nem, sequer, falo coisas que deveras prestem.
Muitas vezes, desvio o meu olhar do teu.
Todas elas, por vergonha e por medo de lhe ser inconveniente.
Mas meu corpo inteiro não nega a verdade.
E eu me calo perante a tua presença
A adorar-te. Apenas,
A adorar-te.

(por Juliana Castro)

quinta-feira, 14 de maio de 2009

A névoa forma-se sobre o lago.
Assisto-a.
Aos goles vou inebriando-me;
fascinando-me.
Penso em entreter meus olhos com coisas obsoletas.
Inevitável!
O gosto de mistério que a rodeia
traga-me para seu interior.
Dentro dela é frio e terno,
aconchegante.
Não faço nem idéia da vida la fora.
Vejo-me preso à ela, pois
o seu carinho, cada vez me segura mais,
cada vez me fascina mais,
cada vez me adormece mais,
cada vez me esvazia mais.
A névoa do lago, assisto-a!
Sinto-me só.
Enxarcado pela água da chuva,
Encolho-me.
O gosto de sal invade-me a boca;
o frio faz-me comapnhia.
Tomamos um vinho, misturado
de paixão e ódio;
aperitivamos solidão e
cuspimos sua semente, o amor.
Embriágo-me de ódio e, este, é
regozijado, por quê nunca
me fizera bem.
Sinto-me cada vez mais só e
sinto-me cada vez mais enxarcado e
sinto-me cada vez com mais gosto salgado em minha boca.
Sentado, bebo mais;
sentado, cuspo mais;
sentado, vomito mais
em companhia dos meus grandes inseparáveis amigos,
Frio e Vazio.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Vejo a fumaça a girar,
assim como o mundo,
assim como o furacão em minha cabeça.

Vejo a fumaça a girar,
assim como as plantas nascem,
assim como os animais morrem.

Vejo a fumaça a girar,
assim como as pessoas falam,
assim como os pássaros calam-se.

Vejo a fumaça a girar,
assim como os peixes a pular do lago,
assim como eles caem de volta n'água.

O mundo roda mais rápido;
as plantas germinam seus brotos;
os animais morrem sem um funeral;
as pessoas conversam assuntos supérfluos;
os pássaros silenciam-se;
os peixes saltam e retornam ao lago.
A minha mente, esta, estancou-se!
Nasceu, falou, calou-se, morreu.

Só o que vejo é a fumaça; ela, continua a girar...
Canções depressivas como
um frio quente e
um quente congelante.

Canções depressivas como
um eu vazio e
um ódio pelo amor.

Canções depressivas como
um eu sem mim e
um vazio preenchido.

Cações depressivas como
um doce sabor amargo e
um porre sem álcool.

Canções depressivas como
um eu sem tu.
Bem-vindo ao meu mundo laranja,
mistura de todas as cores.
Misto de preto-básico,
amarelo-ovo, azul-doce, vermelho-sangue,
branco-chocolate e
laranja-café.

Bem-vindo ao meu mundo laranja,
mistura de alegrias-descontentes, quente-frio,
amor-desilusão, paixão-vazio.

Um misto de tudo.
Um misto de cores.
Um misto de sentimentos.
Um misto de aromas.

Bem-vindo ao meu mundo laranja.
Nele encontra-se um misto
de mim, comigo mesmo.

sábado, 2 de maio de 2009

A canção voltou a tocar, tímida.
Surgira, dentro dela, melodias
Doces, entretanto, ainda, pálidas.
Tentou juntar forças e reeguer-se.

A canção volta a tocar, apaixonante.
Sai dela melodias arrebatadoras,
Ternas, porém misteriosas e envolventes.
Junta mais valores e
Chega perto do topo.

A canção voltará a tocar, amorosamente.
Dela explodirá a timidez, a doçura e a ternicidade.
Junto com tudo isso,
A canção alcançará o cume da felicidade.
Lá fora, o vento chora.
Contemplo o céu amargo;
Os animais falam tristes
O que lhes vêem à cabeça.
Tomam remédios injetáveis para se sentirem alegres.
Entopem-se disso. A overdose é inevitável;
A morte chega sorrateira, porém branda.
Tento injetar-me superdoses homeopáticas
Desse medicamento.
Sei que isso me trás dor, desconforto;
Sigo injetando-me. Porém, cada vez mais.
Não sei o que faço! Estou viciado;
Encontro-me à beira do abismo que separa
O mundo de mim, mim do meu ser e o meu eu da vida.
Mim vivo ou eu morto?
Lá fora, o vento chora e cala-se...

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Não sei de nada.
Num mundo tão imenso
sou apenas minúsculo ponto.
Um ponto azul, um ponto vermelho, um ponto preto.
Um ponto que mistura a frieza,
O calor, o mistério e a solidão.
Apenas um ponto perdido,
perdido na imensidão...
Que o azul sobreponha o preto;
que o vermelho sobreponha o azul;
que a tua boca sobreponha à minha;
que ela mate-me o desejo.
Toma-me, queima-me.
Ardo, penso, choro, rio.
O preto já passou,
O azul... derreteu-se.
O vermelho, cada vez mais quente.
Arde-me, ferve-me, toma-me.
Vivo, reflito, não choro mais;
Reflito, vivo e rio mais.
Na relva de pedra
iluminada por uma luz prata
nasce, na fenda, uma flor branca,
como o leite, como papel que
pintar-se-á, logo, com a cor mais temida,
a cor da paixão!